Por Andreonni M. Di Lorenzo
O básico da tecnologia para bibliotecários. CDU online, Cutter, WordPress, Scriblio…
Este não é um artigo que pretende trazer alguma inovação, discutir a inserção de novas tecnologias no mundo tecnológico da bibliotecnomia, mas uma compilação de muitos recursos disponíveis – a tecnologia básica – na criação de uma biblioteca, orientado a muitos bibliotecários que precisam de elementos básicos para a criação/organização de uma biblioteca.
Lembro que em 2001 fui desafiado na criação de uma biblioteca, como estagiário de uma empresa de consultoria. O cenário na época era crítico: livros largados por salas (e mesmo em banheiros) e nenhuma tecnologia ou recurso básico da biblioteconomia disponíveis, tendo sido utilizada uma cópia da CDU, da tabela de Cutter e o “velho de guerra” winisis, sem a presença de um programador ou gerente de rede, ocasionando em uma base de dados de acesso em um único computador, monousuário. Já se vão 9 anos e muitas facilidades surgiram, e são estas que este artigo pretende elencar.
O primeiro problema é qual sistema de classificação utilizar. É claro que sempre será possível a criação de sistemas próprios, como já fiz em uma outra empresa, contudo, quando estamos falando de uma empresa técnica, com várias áreas distintas a CDD e a CDU acabam surgindo como soluções. Em 2001 utilizei a CDU em uma versão que poderíamos chamar de não muito legalizada (reprografia), mas mesmo partindo para este caminho é necessário que se tenha uma edição da classificação para se realizar a cópia, contudo, esta é uma das dificuldades que não se precisa ter tanta preocupação no passado.
Nos últimos dias, vários blogs da área de biblioteconomia anunciaram: “Está disponível na web a CDU e em português”! Para quem não viu esta notícia fica o endereço da CDU online (e gratuita) http://www.udcc.org/udcsummary/php/index.php?lang=pt .
O uso da CDU disponibilizada pelo UDC Consortium é simples, constando em um menu superior links para os sinais, tabelas auxiliares e iniciais dos grupos de classificação de 0 a 9. Na área esquerda será exibida a estrutura da CDU, e na área a direita as informações sobre a classificação escolhida.
Definida a classificação torna-se necessária a designação numérica de autor e na imagem acima temos um programa já antigo, e útil, o “OCLC Dewey Cutter Program” que permite a consulta em 2 tipos de tabelas: “Cutter Four-Figure Table” e “Cutter Sanborn Four-Figure Table”. Com um uso simples, basta inserir o sobrenome desejado no campo “Text” para ver o código relacionado em “Cutter Number”. O programa (gratuito) pode ser adquirido em http://www.oclc.org/dewey/support/program/
Definido o sistema de classificação, o problema será a criação do catalogo, e sabemos que apenas quando o dono da biblioteca exigir ou não houver condições de ter disponível um computador, o uso de fichas é uma opção que não deve ser considerada. O uso do winisis também não deve ser considerado, pois estamos falando de um programa que não responde a todas as necessidades de uma biblioteca e de dificil utilização.
Baseado no Isis temos o PHL (atualmente na versão 8.2), que é um programa recheado em recursos para uma biblioteca tradicional – veja aqui – e baseado na web. O PHL permite realizar as rotinas de catalogação, a criação de um vocabulário controlado e de empréstimo. O problema é que é gratuito apenas para uso monousuário, mas não deixa de ser uma opção para pequenas bibliotecas. Acesse a página do PHL
Criado pela UFRJ, o Biblivre é utilizado pelo Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, mantido pela Fundação Biblioteca Nacional, e permite realizar os principais procedimentos em bibliotecas: pesquisa; circulação, reserva, empréstimo e devolução, entre outros. A principal vantagem é que seu uso é gratuito, mas em determinados computadores pode se tornar lento. Deve-se notar que o programa também tem algumas limitações de recursos, como o PHL, sendo um exemplo a produção de relatórios demasiadamente básicos. Acesse a página do Biblivre aqui.
Outros programas que merecem destaque são: Gnuteca, OpenBiblio e PMB. O Bibliotecno recomenda uma visita ao Fórum de Softwares para Automação de Bibliotecas – clique aqui - onde será possível ter mais informações e discutir sobre estes e outros softwares.
Mas em muitos casos, atualmente, não adianta ter apenas um sistema de biblioteca, é necessário que esta se faça presente na web. Para isto, uma das melhores opções é o WordPress. Em sua versão 3.0 recém lançada, a ferramenta inicialmente de blogs ganha forma de CMS com o uso de plugins, tornando possível criar a página de uma biblioteca e interações com usuários.
Instalar o wordpress não é uma tarefa difícil, mas pode ser simplificada em casos onde o serviço de hospedagem realize o procedimento automaticamente. É bom frisar que para uma biblioteca que pretenda estar no mundo virtual o uso de hospedagens gratuitas poderá gerar alguns problemas (limitação de acesso, publicidade, não dar suporte a determinadas linguagens) e o custo médio de uma hospedagem paga, com espaço suficiente para uma biblioteca média, em torno de R$ 15,00 por mês não é absurso. Para a instalação, uso, descoberta de plugins e customização de layout, existem vários tutoriais na própria web, bastando buscar por wordpress em um site de busca.
Mas um plugin para wordpress merece destaque, o Scriblio. Este plugin permite transformar o wordpress em um catálogo OPAC. Um texto com muitas informações e textos sobre o uso do WordPress para bibliotecas e do Scriblio foi publicado pelo blog Bibliotecários sem Fronteiras em 2008 e pode ser lido aqui.
Veja, neste link, um exemplo do Scribilio sendo utilizado por uma biblioteca.
Outro serviço que já está no ar há anos e visa colaborar com bibliotecários no ato de fazer referências é o MORE (Mecanismo online para referências) criado por Maria Bernardete Martins Alves (bibliotecária) e Leandro Luis Mendes (aluno de graduação em Sistemas de Informação), numa parceria entre a BU (Biblioteca Universitária) e o RExLab (Laboratório de Experimentação Remota). O MORE facilita no ato da criação de referências indicando os campos necessários para cada tipo de informação e produzindo automaticamente as referências. O sistema também gera citações. Conheça o MORE clicando aqui
O Bibliotecno espera que bibliotecários recém formad0s e aqueles com pouca interação com questões tecnológicas possam aproveitar estes recursos básicos para melhorarem suas bibliotecas e se posicionarem no mercado de trabalho.
Fonte: http://alexdasilveira.com/?p=837